Delírio do verbo – poema de Manoel de Barros e vídeo Carta al vento – Cantoalegre

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30 de maio de 2017

Veremos as palavras saírem do papel, da voz, e seguirem com o vento, alçando novos significados. Existe um manual feito pelo poeta Manoel de Barros, no “Livro das Ignorãças”, 
lembrando-nos o poder imaginativo na infância. 

VII
No descomeço era o verbo.
Só depois é que veio o delírio do verbo.
O delírio do verbo estava no começo, lá onde a
criança diz: Eu escuto a cor dos passarinhos.
A criança não sabe que o verbo escutar não funciona
para cor, mas para som.
Então se a criança muda a função de um verbo, ele
delira
E pois.
Em poesia que é voz de poeta, que é a voz de fazer
nascimentos –
O verbo tem que pegar delírio.
[BARROS, Manoel de. O livro das ignorãças. Rio de Janeiro: Record, 2004.]
Para completar, veja o vídeo do grupo colombiano Cantoalegre – Carta al Vento.


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